JORNALISTAS ESPORTIVOS DEBATEM A CRIAÇÃO DO DIA NACIONAL DA CRÔNICA ESPORTIVA

Escolha da data, 16 de maio, seria uma forma de reconhecer três grandes nomes da crônica esportiva que morreram em 2024: Antero Greco, Washington Rodrigues e Silvio Luiz.

 A Comissão do Esporte discutiu nesta terça-feira, 11/6, a criação de uma data comemorativa nacional para celebrar a crônica esportiva. A audiência pública foi proposta pelo deputado Douglas Viegas (União-SP), no Req 46/24, que explicou o motivo da data escolhida, 16 de maio: “Em um intervalo de menos de 24 horas, três dos mais importantes cronistas brasileiros do esporte faleceram: 16 de maio de 2024. Antero Greco, aos 69 anos; Washington Rodrigues, aos 88 anos; e Silvio Luiz, aos 89 anos. Essa audiência pública é um passo prévio para que tenhamos a criação desse Dia Nacional da Crônica Esportiva”.

 O jornalista esportivo Fernando Nardini, que trabalhou diretamente com Silvio Luiz e com Antero Greco, agradeceu ao parlamentar por ter promovido o debate, atendendo a uma sugestão sua. “É um dia muito especial, estar colocando essa sugestão em debate é uma homenagem a quem tanto fez. Tenho aqui colegas de profissão e todos sabem o quanto esses três ícones fizeram pela nossa profissão, quanto trouxeram para a vida de milhões de brasileiros, principalmente no futebol”.

Para o jornalista esportivo Octávio Muniz, a homenagem é importante principalmente no momento atual pelo qual passa a profissão. “Quem não tem reconhecimento, não tem nada. Nosso diploma foi cassado. Para ser jornalista hoje não precisa de diploma. Os jornalistas esportivos, de TV, de Rádio, quase não tem mais acesso ao campo”, afirmou Muniz, lembrando ainda que já se comemora o Dia do Cronista Esportivo, no dia 8 de dezembro.

 O fim da obrigatoriedade de diploma para o exercício da profissão teria tido impacto na qualidade do jornalismo esportivo praticado no Brasil, de acordo com Artur Mathias, presidente da Associação Brasileira de Cronistas Esportivos (Abrace). “Tem muita relação. A falta de compromisso, a falta de conhecimento, a falta da educação do banco universitário, tem relação direta com a Fake News”, disse Mathias.

 O presidente da Associação de Cronistas Esportivos do Brasil (Aceb), Erick Castelhero, afirmou que a criação de uma data para recordar profissionais icônicos como os três que morreram em maio e também outros, como João Saldanha e Luciano do Valle, irá provocar reflexão sobre a carreira e promover debates sobre como trazer melhores condições de trabalho. “Temos que nos preocupar com quem ingressa agora no mercado. Há menos postos de trabalho, nas emissoras de Rádio e de TV. Por outro lado, tem a Internet, abrindo espaço, mas também com armadilhas no exercício da profissão”, disse Castelhero.

 O debate passou também pelas dificuldades enfrentadas pelas entidades de classe. O presidente da Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo, Nelson Nunes, reclamou que promotores de eventos esportivos mudam as regras de credenciamento frequentemente para dificultar que seja cumprido o que está previsto na Lei Geral do Esporte: o reconhecimento do poder de credenciamento de associações estaduais de cronistas esportivos em jogos de futebol em todos os estádios do país.

 “Hoje é um dia especial na vida das associações de classe estaduais e nacionais dos cronistas esportivos, pelo fato da nossa profissão, a nossa atividade esteja em debate nesse espaço nobre que é a Câmara dos Deputados em Brasília”, disse Nunes, observando que há poucos meses Erick Castelhero e Eraldo Leite estiveram em Brasília para defender o direito a credenciamento.

 Ao responder pergunta sobre o futuro da crônica esportiva, encaminhada por Américo Vieira Júnior por meio da ferramenta de interatividade Debates Interativos, o presidente da Associação de Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro, Eraldo Leite, demonstrou preocupação com a formação das próximas gerações de profissionais. “Hoje em dia com internet, com o celular, com as redes sociais, a invasão de informações que existe na vida de cada um é impressionante. Você recebe a informação e, para transformar em notícia, precisa da apuração daquele fato para garantir que se trata de uma verdade a ser noticiada. Se a gente não tiver esse cuidado na formação dos nossos jovens, na formação dos nossos profissionais, a gente corre o risco de fazer uma imprensa completamente desviada do seu propósito, da sua essência”, afirmou Leite.

Escolha da data

 Viegas defende que o Dia Nacional da Crônica Esportista seja celebrado anualmente em 16 de maio. Três importantes cronistas esportivos brasileiras morreram nessa data em 2024: Antero Greco, aos 69 anos; Washington Rodrigues, aos 88 anos; e Silvio Luiz, aos 89 anos.

 Antero Greco ficou nacionalmente conhecido como comentarista do programa SportsCenter, da ESPN Brasil. Antes, trabalhou nos jornais O Estado de São Paulo, Diário de São Paulo, Folha de S.Paulo e na TV Bandeirantes. Morreu em decorrência de um tumor no cérebro.

 Washington Rodrigues, o “Apolinho”, foi um popular comentarista esportivo das rádios Guanabara (atual Bandeirantes), Globo e Tupi, todas no Rio de Janeiro. Também foi treinador do Flamengo, seu time do coração, em duas oportunidades. Morreu de câncer no fígado.

 Silvio Luiz foi repórter de campo e árbitro de futebol. No entanto, foi como locutor esportivo, e seus famosos bordões, que se consagrou em todo o País. Trabalhou nas TVs Record, SBT, Band, RedeTV! e Excelsior, e nas rádios Bandeirantes, Record e São Paulo. Morreu de falência múltipla de órgãos.

 “A criação, portanto, de um Dia Nacional da Crônica Esportiva é uma singela homenagem a esses grandes profissionais falecidos, bem como a todos os jornalistas esportivos brasileiros”, diz Douglas Viegas.

Confira a íntegra da audiência. 

Fonte: Agência Câmara de Notícias

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